Al Capone contra a Marcha da Maconha

E a repressão às drogas têm se mostrado uma política fracassada

(Por Lincoln Pinheiro Costa)
 
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal declarando que a Marcha da Maconha é legítimo exercício do direito de reunião e de manifestação do pensamento nos incentiva e, até mesmo, nos impele a debater a discriminação das drogas, um assunto que é tabu para setores mais conservadores, mas que é negócio dos mais lucrativos para mafiosos à margem da legalidade.
No clássico filme “Os Intocáveis” vimos como o mafioso Al Capone obtinha colossal lucro com o tráfico de bebida alcoólica, num período em que vigeu a lei seca no território estadunidense. Para fazer chegar o produto proibido ao consumidor, Al Capone construiu uma logística que utilizava o suborno de policiais, o assassinato e a sonegação fiscal. Nesta altura, o leitor, que não é bobo, já deve estar imaginando que se o álcool e o cigarro fossem drogas ilícitas no Brasil teríamos Al Capones que se encarregariam de fazer chegar tais mercadorias ao consumidor. Evidentemente, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, o comércio ilegal de cigarro e bebida alcoólica viria acompanhado de outros crimes para assegurar o tráfico. Certamente ninguém imaginaria que se o álcool e o cigarro fossem colocados na ilegalidade os usuários deixariam de consumi-los.
Se é assim com o álcool e o cigarro – drogas lícitas – por que haveríamos de imaginar que fosse diferente com as drogas ilícitas? Os playboys da alta sociedade deixam de cheirar por ser a cocaína ilegal? Os usuários de maconha deixam de fumar pelo mesmo motivo? O que acontece é que o abastecimento desse mercado é feito por traficantes que, a exemplo de Al Capone, cometem outros crimes para assegurar o comércio de tais drogas. E a repressão às drogas têm se mostrado uma política fracassada. Isto é o que se pode ver nesta matéria www.youtube.com/watch,estrelada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, âncora do Documentário “Quebrando o Tabu”. A repressão policial à Marcha da Maconha com gás lacrimogêneo e cassetetes é coisa do passado. Al Capone não apoia estas manifestações, pois a criminalização do uso da maconha é garantia de seus lucros.